Cap. 65
— De onde eles saíram? – pergunta um surpreso xerife Wayne.
Cobra Traiçoeira: — Eles estão nos vigiando desde que cruzamos o riacho.
Wayne: — Como você sabe?
Cobra — Você ouviu os coiotes enquanto a gente cavalgava?
Wayne: — Algumas vezes.
Cobra: — Não tem coiotes deste lado do riacho até a montanha.
Wayne demora um pouco até fazer a ligação entre coiotes e indígenas, mas acaba conseguindo entender: — Ah!
Os nativos americanos vão fechando o cerco. — Deixe que eu fale com eles. – pede Cobra Traiçoeira.
Wayne: — Por quê? Eu sou o xerife, os cavalos são meus...
— Pitsííksiinaa! – grita um dos nativos, interrompendo o xerife.
— O quê? – pergunta Wayne contraindo os olhos, como se olhasse para o sol.
— É a nossa língua, por isso é melhor eu falar. – explica Cobra Traiçoeira, que já reconheceu a maior parte dos nativos que os cercam e sabe que não será uma conversa tranquila.
— Por que você está aqui, pequena cobra? – pergunta um dos nativos em Siksikáí'powahsin.
— Vim em paz. - responde Cobra Traiçoeira no mesmo idioma e prosseguindo, enquanto aponta para Augustus: — Aquele homem precisa de ajuda.
— Não é problema nosso. – responde o nativo, rondando o grupo mais de perto com seu cavalo.
Cobra Traiçoeira tenta argumentar: — Ele foi envenenado e vai morrer.
Nativo: — Branco morto não é problema, é solução.
Cobra Traiçoeira, num tom mais alto: — Ele salvou minha vida!
Nativo: — Então ele está tendo o que merece.
— Nĭ‘skŏn, por favor, me deixe falar com nosso pai. – apela Cobra Traiçoeira.
Nativo, agora mais agressivo: — Não me chame de irmão! Você perdeu esse direito. Meus irmãos são apenas os que vivem em minha tribo e que honram nossa raça.
O xerife, cansado daquele diálogo interminável em uma língua que não entende, decide intervir: — Ei, nĭ‘skŏn! Leva a gente até a aldeia e te dou uma garrafa de whiskie.
Os nativos arregalam os olhos simultaneamente e reagem em coro: — Oh!
O irmão de Cobra Traiçoeira parece uma vítima de tétano, paralisado e trincando o maxilar após ouvir aquelas palavras. O próprio Cobra engole seco e fuzila Wayne com o olhar.
Xerife: — O que foi? Falei o nome dele errado?